Santo Agostinho - Pilar da Igreja 354 - 430
Quando foi bispo em Tagasta - Numídia (atual Argélia, onde nasceu, uma expansão do império Romano no Norte da África, tida como o celeiro de Roma) Agostinho teve de repreender muitos de seus padres e membros da congregação que teimavam em repetir: - "Só porque freqüentamos ídolos e nos aconselhamos com adivinhos, não siginifica que tenhamos abandonado a Igreja - somos católicos!" Mas o próprio Agostinho fora pagão durante certo tempo de sua vida. Sua educação estava recheada da tradição berbere e dos textos fenícios, lera e venerava Virgílio, a Eneida, toda aquela poética que repetia, à sua maneira e para o engrandecimento de Roma, o império que se alastrava com a igreja, os feitos de heróis guardados por deuses gregos, logo pagãos. A Igreja Apostólica Católica Romana era cristã há pouco tempo, os papas ainda eram imperadores, o império avançava rapidamente dominando todo o mundo conhecido e por isso o latim era a língua oficial (o que ele aprendeu raidamente já que "seu coração ansiava por expressar-se"), mas o grego também era ensinado aos jovens. Agostinho não o aprendeu, não quis, ou não pode, era um jovem rebelde (dizem que foi chicoteado várias vezes por isso), foi ridicularizado por seus críticos contemporâneos, e embora tenha reconhecido esta desvantagem, e se arrependido de sua postura de jovem revoltado, soube disso tirar vantagem - sua profunda originalidade deriva, até certo ponto, de sua independência dos princípios gregos e de outras tradições. De fato, muitos de seus estudiosos apressam-se a culpá-lo, em biografias enganosas, de cometer excessos sexuais, pois teve um filho aos dezesseis anos de idade com uma mulher em Cartago, a quem deu o nome berbere de Deodato (Adeodatus, em latim). A
sua influência, porém, não se deve à sua
posição eclesiástica, mas a quantidade desconcertante
de seus escritos - a recapitulação incompleta de seu
livros, realizada por ele mesmo, calculou-os em noventa e três.
Além disso, há quase trezentas cartas e mais de quatrocentos
sermões - os quais aproximadamente oito mil ele pregou. Usava
copistas e taquígrafos a quem tinha acesso como bispo, e não
os deixava em paz. Sempre escrevendo, pensando e reescrevendo, revisando,
suas idéias. Agostinho foi um pensador fecundo cujo enorme embasamento em Filosofia clássica concebeu uma original interpretação das primeiras doutrinas cristãs sobre a mente e o corpo humanos, da sabedoria e de Deus.
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