13
Ruppemi
l' alto sonno ne la testa Canto IIII - Ventos fortíssimos e uivantes, e um relâmpago mais forte do que jamais se viu em terra faz com que o poeta perca a consciência e caia como se sobre ele um profundo sono se abatesse. Ao despertar ele se encontra no limbo, que é, a rigor, o primeiro Círculo do Inferno, onde estão as almas das crianças mortas sem batismo e as grandes figuras do paganismo. A visão de Dante era católica cristã e o próprio Virgílio, um pagão, portanto, como todos os romanos até o século III d.C. pertencia a este círculo, bem como Homero, Horácio o sátiro, Ovídio, o poeta das Metamorfoses, e da decadência romana, Lucano entre outros personagens históricos famosos, todos pertenciam ao limbro. Apesar disso Dante se coloca como o sexto mais importante dos poetas greco-romano.(Vs. 94 a 102)"... Assim reunida a bela escola e boa eu vi do mestre altíssimo do canto,...eu era o sexto aos mais ali somando..." Ainda no Canto IIII lemos: "E o mestre a mim: "...Que é que te dispensa de perguntar quem são os que ora vês? Pois sabe que, se não os mancha ofensa, por igual não lhes valem as mercês; conduzidos não foram ao batismo que é a porta desta fé em que tu crês. Seu tempo antecedeu ao cristianismo, e a Deus não conheceram em seu meio: Um deles sou, vindo do paganismo. Por vício tal e não por erro feio, fomos punidos, e o que mais nos pesa é faltar esperança a nosso anseio..." Num lugar especial do limbo encontram-se nada menos do que todos os grandes pensadores da Antiguidade. Deus lhes destinara este local diferenciado por terem sido, em vida, importantes figuras do pensamento humano, mas o cristianismo não pode trazê-lo para sua esfera de influências, dado que nunca conheceram a palavra nem foram batizados conforme os ritos cristãos. O
poema deixa claro que há uma visível diferenciação,
pelo menos de força e caráter temporal que separa os grandes
mestres da filosofia que embalaram o conhecimento de Dante e de seus
contemporâneos, ao mesmo tempo em que parece nos dizer - este
agora é um novo tempo, um tempo cristão, e nele só
os cristãos poderão gozar da eternidade - vocês
senhores do passado não alcançarão a glória
que "eu" alcançarei. Numa afirmação do
cristianismo do novo tempo. Ao verem Virgílio alguns poetas o cumprimentam. Dentre o que lá estão notam-se também os filósofos e pensadores: - Aristóteles, Sócrates, Platão, Demócrito, Diógenes, Empédocles, Heráclito, Zenão, Dioscorides, Tales, Anaxágoras, Orfeu, Sêneca, Euclides, Ptolomeu, Avicena, Hipócrates, Galeno, Averróis, "...Tudo não posso referir a pleno, que a vastidão do tema não consente; nem sempre segue a voz da mente o aceno..." De fato, Dante condena ao Limbo todos os homens que estudara e com quem aprendera e construíra a estrutura de seu pensamento. Note-se, contudo, que como cristão, e por força disso mesmo, afirmação da religião e da religiosidade, não podia admití-los no Paraíso celeste, porquanto eram discrepantes de seu credo religioso. Em troca, no entanto, destinava-lhes este lugar diferenciado do Inferno.
Canto
V
-
No
Círculo segundo, os poetas alcançam os luxuriosos - réus
carnais, fornicadores e que viveram entregues aos prazeres físicos
e contatos sexuais exagerados -, atormentados e arrastados eternamente
por ventanias. Ali Minós, gigante terrível que habita
o Inferno estende sua cauda até o fundo do poço. "A
borrasca infernal que nunca assenta, as almas vai mantendo em correria;
e voltando, e batendo, as atormenta." O
gigante é uma espécie de porteiro que estuda os crime
e pecados de cada um que ali chega e determina-lhes as penas a serem
cumpridas pela eternidade. "Tinha
os olhos vermelhos, indecente e suja a barba, e garras aguçadas,
com que lanhava os míseros à frente." O Canto VIII ainda fala do quinto Círculo, e lá estão as portas de Dite, ou a entrada da cidade de Lúcifer, na qual se contêm todos os demais círculos infernais. Sinais de luzes atraem o barqueiro que vem buscar as almas que devem atravessar o lago Estige até aqueles círculos do Inferno. Lá os poetas chegam pela barca de Flégias, que transporta as almas dos mortos pecadores e atravessa o lago lamacento até a outra margem.
©Página construída por Volmer do Rêgo - 2002/2005. |