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li ochhi era ciascuna oscura e cava,
Depois de conversarem sobre a árvore e seu significado falam sobre a decadência de sua cidade, Florença, avaliando a situação moral das mulheres florentinas como reflexo do caos e da perdição que se abatera sobre a Itália, como um todo. : - "Um tempo se anuncia já vizinho, de que diviso os nítidos sinais, em que se vedará em pergaminho sigam as despejadas florentinas a demonstrar das tetas o alvo ninho." A crítica é clara. Forese reclama que um dia, por decreto, será proibido que as mulheres de Florença exibam seus seios em público. Para ele aquilo era uma situação insustentável. E também é fato notório que a sodomia era um vício comum naquela cidade àquela época e, exemplo disso é que os alemães tinham cunhado um termo para a prática de sodomizar que remetia aos florentinos. Entre os gulosos no sexto terraço, Canto XXIV, Dante se encontra entretido com Forese Donati que vaticina a morte próxima de seu irmão Corso. Adiante econtram outro grupo de almas pecadoras se redimindo em torno de uma segunda árvore. "Embaixo, aos gritos, numeroso bando de almas erguia os braços para a fronde, como infantes, que os pomos divisando, imploram-nos a alguém que não responde..." Até que surge um Anjo do perdão, cuja luz atordoa os olhos do poeta, e lhes indica o caminho a seguir até o piso superior do Purgatório. Com um costumeiro movimento de asas, o Anjo retira da testa de Dante o sexto P de seus pecados recitando -"Ditosos os que a luz divina poupou(...)pois se contentam só do necessário!" Ainda
no
Canto XXIV, nos
versos 20, 21 e 22 Dante faz referências a um outro papa, Martinho
IV, grande glutão e bebedor de vinho, e mais à frente
Dante conversa com outros dois poetas, de menor envergadura, e realiza,
para melancolia daqueles, uma breve exegese de seu texto, contrapondo
seu estilo novo - stil novo - provençal - flama ardente
(ou inspiração), aos padrões anteriores, em que
se baseavam seus interlocutores, meros repetidores das ilustrações
e dos artifícios por ele usados. "...Vejo que em
vós a pena obedecia, dócil e atenta, ao íntimo
ditado, o que, entretanto, a nossa não fazia(...)Quem quer
que o estude a fundo, separado nisto achará do vosso o nosso
estilo." Dante usa seu poema para explicar seu estilo,
numa função nobre da estilística na ars literaria
e que atualmente pode-se chamar de metalinguagem (metalinguística). No Canto XXV, os três poetas, Dante, Virgílio e Estácio conversavam enquanto galgavam em fila indiana a senda que os levaria ao sétimo e último terraço, aonde, em meio a chamas, purgavam seus pecados os luxuriosos, e a pedido de Virgílio o poeta Estácio faz um discurso sobre a geração do Homem e como se lhe infunde a alma ao corpo. Humildemente, Estácio procura explicar como as almas, após a morte, matêm além da aparência, sua capacidade de reação, sofrimentos e alegrias, à maneira dos vivos, o que até então fora percebido por Dante, que curioso, não o havia compreendido e nem a ele fora ainda explicado. "Meu guia o viu, embora indo apressado: "Dispara o arco da voz", falou-me, atento, "que ao ponto extremo trazes retesado." Abri-lhe, mais seguro, o pensamento: "Como pode ficar tão consumida a alma, que não precisa de alimento?" Eis, nos versos 37 a 72, em parte, como Estácio explica a Dante a partir de uma relação sexual e reprodutiva humana como a alma nela se influi após a geração fetal, numa explicação poético/erótica do fenômeno da anamnese platônica já defendida por Aristóteles: - "O sangue, que não vai assimilado pela artéria saciada, como à mesa o alimento supérfluo não tocado, reflui ao peito e toma natureza adequada a engendrar a humana forma, qual o que às veias corre na estreiteza. Reconcentrado, desce aonde a norma impõe calar; e a outro, então, se instila, em vaso que natura a tal conforma. O segundo o recolhe, e eis que o assimila: um, próprio a receber, o outro a atuar, em razão do lugar de onde destila; e vai seguindo no seu operar, a partir do embrião, ao qual aviva, como da própria força o fez gerar. Nascida assim dessa virtude ativa _ à planta quase igual, só diferente porque se está formando, e a outra é viva _(...)a alma evolui, e já se move e sente,...e sabe que, quando se dá no feto a integração do cérebro perfeito, o primo moto o vê, e em seu afeto...lhe infunde um sopro, de fulgor repleto(...)"
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